INFILTRADO NA KLAN

BlacKkKlansman, no Brasil "Infiltrado na Klan", é um filme de comédia dramática policial de 2018 co-escrito e dirigido por Spike Lee, baseado no livro autobiográfico Black Klansman, de Ron Stallworth. O filme venceu o Oscar de melhor roteiro adaptado e deixou Spike Lee desgostoso com a premiação. Isso deve-se ao fato de Green Book ter vencido e, nas palavras do Diretor de Infiltrado, era 'uma decisão ruim' (fato que deixo claro concordar totalmente).

O filme é estrelado por John David Washington, Adam Driver, Laura Harrier e Topher Grace, e junto com Lee é produzido por Raymond Mansfield e Shaun Redick, assim como Sean McKittrick, Jason Blum e Jordan Peele (o cara do momento). Situado no Colorado dos anos 70, o enredo segue um detetive afro-americano que se infiltra na Ku Klux Klan.

Apesar do tom cômico e da narrativa um tanto leve, o filme possui cenas pesadas e bastante significativas, e, o que eu mais gosto em um filme, cenas que quanto mais pensamos sobre, mais  significados o filme ganha e melhor fica.

Depois de tanto contextualizar, minha intenção com este texto é falar apenas de uma cena que eu adorei muito e o significado dela, pois achei extremamente importante e , mais importante ainda , não vi ninguém falando a respeito. Trata-se da sequência que os membros da KKK assistem um filme.

O filme é The Birth of a Nation, "O Nascimento de uma Nação" no Brasil, um enorme sucesso comercial de 1915 , mas ainda naquele tempo foi altamente criticado por retratar os afro-americanos (interpretados por atores brancos com as caras pintadas de negro) como ininteligentes e sexualmente agressivos em relação às mulheres brancas, e também por apresentar a Ku Klux Klan (cuja fundação original é dramatizada) como uma força heroica. Esta obra é creditada como um dos eventos responsáveis pelo ressurgimento da Ku Klux Klan em Stone Mountain, na Geórgia no mesmo ano em que foi lançado. O que mostra de maneira contundente o poder que filmes possuem.

O que o Diretor Spike Lee usa de maneira sensacional nesta cena pois no momento que é executada temos um personagem negro contato ainda um relato bem tocante sobre a morte brutal de um afro-americano. Eu interpretei a cena como o poder de uma narrativa sobre as pessoas, tanto para o bem quanto para o mal. Apesar de muitas pessoas tratarem obras artísticas apenas como obras, sem influência nenhuma na realidade, é fato que uma obra tem poder de influenciar pessoas e ainda mais que isso. 

Ao se ver em tela, como neste caso, um filme tem o poder de empoderar visões e pessoas, ou rebaixar e menosprezar pessoas. Por isso movimentos artísticos, como o modernismo, se preocupam tanto em trazer cada vez mais diversidade e obra com viés social e relevância social. O termo "lacração" por isso fica cada vez mais bobo e cada vez mais irrelevante, ao vermos o poder de representatividade em tela.

Talvez por entender o poder disto, vários destes preconceituosos não querem a representatividade, e a diversidade em tela. Quando a regra era negros serem retratados apenas como animais, ou mulheres como submissas e dependentes dos homens (para citar exemplos), não tinha problema, agora de outra forma não pode e é problemático, ou pior ainda, trata-se de um preconceito, infelizmente muitos pensam assim.

Uma das melhores cenas da minha vida e que mostrou de maneira perfeita como obras tem poder e como é importante os movimentos que buscam mais representatividade em tela, uma das formas mais poderosas de mostrar para muitas pessoas desagradáveis que o mundo não é formado apenas por elas, e muito menos pertence somente a elas.



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